quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Dakar 2009

DAKAR 2009
Texto e fotos: Eng. Roberto Ferrarini
FERZZA Peças e Equipamentos para Motocicletas Ltda.

Considerada uma das competições mais importantes do mundo, o Dakar deste ano nos presenteou com uma surpresa: veio até a América do Sul. Mas, como assim, veio até a América do Sul? Ele não era feito entre a Europa e a África, que iniciava em Paris e terminava em Dakar? Pois é. Este ano ele (o Dakar) começou na Argentina (Buenos Aires), foi até o Valparaíso no Chile e terminou voltando para Buenos Aires, para a alegria dos apaixonados por esta modalidade de competição. E eu fui lá ver. VIVÍ EL DAKAR.
O Dakar começou na década de 70, com um visionário francês chamado Thierry Sabine, que após ter se perdido no deserto quando participava de um rally de moto entre Abidijan (Líbia) e Nice (França), percebeu ser este um bom lugar para um rally regular. Com muita determinação, deu início em 1979 à saga do Paris-Dakar, que iniciava em Paris (França) e terminava em Dakar (no Senegal). No decorrer do tempo, a prova teve complicações de ordem política, acarretando cancelamento de etapas, mudanças de itinerários (começou por diversas vezes fora da França e terminou da mesma forma fora de Dakar) e, culminando com o cancelamento total da prova de 2008 por ameaças de atentados terroristas na Argélia. Este fator fez com que desse ânimo ao sonho dos sul-americanos de ter uma grande prova internacional, visto que a organização do Dakar já estava pensando em alguma competição por aqui. Desta forma, Argentina e Chile conseguiram atrair a competição e sediaram a etapa de 2009. A prova começa tradicionalmente na primeira semana de cada ano e se estende por mais de 15 dias, alternando trechos de deslocamento e de competição contra o relógio, as chamadas especiais. Nestes trajetos especiais, os competidores largam por tempo de classificação e procuram fazer o trajeto no menor tempo possível, o que lhes garante um melhor posicionamento na classificação da categoria e na geral. E o que fascina no Dakar é que está aberto tanto para competidores e equipes profissionais como para amadores (nem tanto assim), motocicletas, quadriciclos, carros e caminhões. O número de inscritos, portanto, é muito grande. Imagine organizar tudo isto...
Quando foi confirmado que o Dakar deste ano realmente viria para Buenos Aires decidi: não posso perder esta competição. Eu e minha esposa pegamos o avião em Porto Alegre no dia 01 de Janeiro, de manhã cedo e já de tarde fomos até La Rural, um grande parque de exposições no Bairro de Palermo onde foi montada a estrutura do Dakar e o parque fechado com os veículos. Chegando lá, imaginem: havia uma fila enorme para entrar – é claro, era feriado – e lá dentro a quantidade de pessoas era muito grande – comentaram haver passado cerca de 60 mil pessoas no parque naquele dia. Compramos os ingressos para o dia seguinte e para não perder nada imaginem, era um dos primeiros para entrar. Assim que abertos os portões, me senti entrando num parque de diversões (pena que os brinquedos não podiam ser tocados, muito menos andar neles...). Para aficcionados por motociclismo e automobilismo, esta é uma das competições consideradas ícone. Não dá para ter a noção exata nem a dimensão do que é o Dakar até ver de perto – claro, excetuando pilotos e equipes que fazem o espetáculo. Tudo é grandioso: as equipes, os pilotos, os veículos, a organização, o apoio, a estrutura, a cobertura da mídia... Aqui uma observação: afora alguns meios de comunicação realmente interessados em motociclismo, a televisão no Brasil como sempre não deu a mínima, só noticiando quando havia algum acidente ou coisa parecida.
Começamos vendo os caminhões, para depois ver os carros e por final deixar as motos como sobremesa, que era o que mais queria ver. Imaginei ver uns 30 a 40 caminhões... havia 84 caminhões! Se a estrutura para uma motocicleta é grande, um carro é maior, imagine para um caminhão. E havia 84 deles, de todas as partes do mundo e de todas as marcas – Mann, Mitsubishi, Iveco, Mercedes Benz, Tatra, Kamaz, Renault, DAF, Ginaf.... E todos enormes, umas máquinas... Nos carros (194 ao total), muitas camionetes, muitos protótipos, dois Hummer norte-americanos, as grandes equipes de fábrica (Mitsubishi, Volkswagen e BMW duelando novamente) e igualmente pilotos de todas as partes do mundo. E, finalmente, as motocicletas (235 motos e 25 quadriciclos): muitas KTM 690, que é uma das preferidas dos pilotos por ser bastante preparada para o rally. Mas havia muitas outras marcas presentes como GasGas, BMW (mas não vi nenhuma HP2, por incrível que pareça), Sherco, Beta, Huskvarna, Kawasaki, Yamaha e Honda 450cc... Havia até motos chinesas competindo. É claro que as motos dos 10 primeiros estavam lá, como que descansando para o dia seguinte, ou como dizia na capa de uma das KTM: “The beast is sleeping”. Mas o melhor aconteceu no final da tarde daquele dia 02. Estava programada a largada promocional numa rampa montada ao lado do Obelisco, na Av. 9 de Julho a partir das 17:00, quando todos são apresentados com seus veículos e patrocinadores e nós fomos para lá. Chegando próximo a esta hora, a quantidade de pessoas que havia na avenida era impressionante e ao chegarem os primeiros competidores, com os quadriciclos, não dava para se mexer. Números não oficiais tratavam de haver próximo a 500.000 pessoas por lá. Foi então que decidi sair de perto da rampa e retornar pela avenida por onde os pilotos estavam passando, vindo do parque La Rural. E aí estava o melhor, pois depois de caminhar mais de um kilômetro pudemos ficar na avenida bem perto dos competidores, passando por nós. E acompanhamos todos. As motos, os carros, os caminhões. Eram próximos a 600 competidores. Muitos pilotos das motos e dos carros passavam e nos davam as mãos. Alguns eram parados pelo público para tirar fotos. Uma festa que nem os competidores esperavam. Vimos os brasileiros em todas as categorias e desejamos boa-sorte a eles. Mas mesmo tendo acompanhado todos os pilotos das motos, notei que os feras – os 10 primeiros – não haviam passado até o final dos carros. Então, quando menos esperava, o Marc Coma e o Ciril Depres passaram um depois do outro e não foram parados por ninguém, pois o público já pensava não haver mais motocicletas a se apresentar. E a festa foi até a meia-noite, quando passou o último caminhão no Obelisco, sendo que grande parte do público ficou até o final.
Foi uma experiência inesquecível poder fazer parte de um evento tão importante e impressionante. Lembro que, ainda na década de 80, comprava todas as revistas de moto que davam cobertura do Dakar e ficava imaginando um dia poder ver estes audaciosos competidores em suas máquinas. Sim, audaciosos principalmente os que participam sem muita estrutura. Como praticante de enduro e já tendo viajado até o Chile de moto (numa viagem de 14 dias e 7.000 Km em 92, de Elefantré 30.0) imagino a determinação e nervos de aço destes competidores para passar mais de 15 dias em condições limite de resistência física e psicológica, principalmente nas motocicletas. E para ver o grau de competitividade e destreza nesta categoria, os 5 primeiros da edição anterior ficaram entre os 6 primeiros deste ano.
Até o próximo Dakar, se este for novamente na América do Sul.












2 comentários:

  1. Muito bom o texto do Roberto.
    Mas tu ainda me deve dois memes hehehe.

    ResponderExcluir
  2. Muito legal o teu blog!
    Ah uma hora dessas tenho que te apresentar meu primo... ele é pioloto e todo o ano faz o rali dos sertões... já teve o carro exposto por aqui e tudo.
    Bjo e parabéns!

    ResponderExcluir